Uma das coisas que sempre achei divertidas em relação à tal estabilidade jurídica, quando usada como eufemismo para o sacrossanto direito à propriedade privada, é que esse direito é, via de regra, considerado importante só quando se trata da defesa do caráter privado e não público da sociedade, ou da propriedade de quem tem muito. Os mesmos empresários e "formadores de opinião" que consideram a estatização de uma empresa um crime lá do lado do uxoricídio e da alta traição, acham que a desapropriação de moradias, especialmente a remoção de favelas, para melhor servir aos seus planos, é não apenas virtuosa, mas absolutamente essencial ao "progresso" do país.
Tá, o artigo do Benjamin Steinbruch (que ganhou de presente a CSN e a Vale) no Estadão de Hoje, reclamando das favelas que atrapalham as linhas férreas dele, não fala exatamente disso, já que as ditas favelas invadiram área que era do governo, antes de ser dada a ele Steinbruch. Mas em geral, nunca vi nenhum "liberal" falando contra grandes obras de infraestrutura, do tipo que fatalmente envolve grandes áreas desapropriadas, nem contra esquemas de "revitalização" que incluem a desapropriação de áreas para entregar a investidores privados.
Outro exemplo de novilíngua divertido é essa de plantações de eucalipto serem "reflorestamento." Arrã.
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Marco Aurélio de Mello afirmou que deixaria Cacciola fugir. De novo. Acho que ninguém mais tem uma visão tão clara, tão límpida sobre como a Justiça brasileira é só pra pobre quanto o ilustríssimo ministro.
2 comentários:
Bem ruinzinho esse texto do Maierovitch.
Dizer que Marco Aurélio era "no cenário nacional um desconhecido juiz trabalhista" é um sofisma dos bons. Tem algum juiz trabalhista conhecido no cenário nacional? Já teve algum? Fora o Lalau, por motivos outros, não tem nenhum que chegue aos noticiários.
O Marco Aurélio era primo do Collor mas foi uma indicação dos próprios ministros do TST, a quem o presidente pediu um nome, pois queria colocar um juiz trabalhista no STF.
O Mairevotch já começa o artigo com dois sofismas. Temo que eu não tenha prestado atenção no resto do texto...
Você tem razão. O problema é que a minha pinimba com o Marco Aurélio de Mello (que acho que é pelo menos em parte justificada) é tão grande que qualquer coisa falando mal dele eu aceito sem ler direito...
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