A Folha de São Paulo avisa que o Bolsa Família está "prejudicando a agricultura no Nordeste." Não que o candidato deles seja contra, claro... mas o que me choca é a cara dura com que a Folha reporta que, segundo o estudo, o BF está prejudicando a agricultura porque as pessoas preferem recebê-lo a trabalhar nas fazendas estudadas. O Bolsa-Família é equivalente a um terço do salário mínimo. Se alguém prefere recebê-lo, é porque estava ganhando para trabalhar menos de um terço do salário mínimo. Que já não é grandes coisas. Eliminar esse tipo de "emprego" não apenas não é ruim, como é justamente uma das metas de qualquer sistema de transferência de renda. O BF está fazendo o papel de fiscal do ministério do Trabalho.
O único senão aí não é o apontado pela Folha, no qual pobres fazendeiros escravocratas não conseguem mais arrumar bóias frias. O problema é que o sistema-mundo capitalista contemporâneo, como um todo, realmente insiste na necessidade do subemprego. Foi isso, combinado com os programas de assistência social, que levou à grande migração das ex(?)colônias para a Europa durante os anos dourados, já que os europeus preferiam não se sujeitar aos empregos mais degradantes, perigosos, ou mal pagos (em bom urdu, gobar ka kan, que é exatamente o que soa). Será que, com a estruturação de um sistema social no Brasil, veremos aumentar a imigração?
Eu sou a favor. Principalmente se conseguirmos evitar a xenofobia (fat lot of chance, com o que já tem de gente aqui no Sul-Sudeste reclamando dos próprios brasileiros) e se tiver um monte de restaurantes bolivianos, nigerianos, angolanos, peruanos...
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