Muita gente tem denunciado o entusiasmo pela polícia que mata, à Tropa de Elite, como imoral, e têm toda a razão. Mas, como no caso das mega-hidrelétricas que querem fazer por aí, confesso que gostaria de ver mais oposição absolutamente amoral, baseada na absoluta ineficiência - ou, no caso, inutilidade - da estratégia em questão.
Uma polícia que tenha como missão "invadir favela e deixar corpo no chão," como reza a música do BOPE, não é polícia. A missão de uma polícia é manter os estatutos legais. Até aí, apesar de tegiversar, até os apoiadores do BOPE concordam. Estamos numa "guerra," afinal, segundo eles. A questão é que ter como missão atingir o maior número e status de mortos possíveis não é sequer uma estratégia de guerra inteligente. É pensamento de sargento, não de general. A noção da guerra de atrito não se aplica a conflitos de baixa intensidade; por maior que seja a mortandade praticada pelo BOPE, sem o uso de bombardeio indiscriminado ela nunca vai se equivaler ao crescimento populacional das favelas (e, pela dinâmica do tráfico, esse crescimento é o único limite para a substituição de "soldados").
Claro que a compreensão do que é praticado como uma guerra de atrito retorna, também, à questão moral. Afinal, se o Brasil está empreendendo uma guerra de atrito contra as favelas...
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