Muita gente gosta do Kírchner porque ele supostamente teria "cojones" de fazer aquilo que (por exemplo) o Lula não faz. Deixa pra lá que boa parte disso não dá certo, ou que o maior ato de "bravura" atribuído a ele, o calote, antecedeu sua presidência. Pessoalmente, não sou muito fã de barraco, e acho que se tem alguém que merece a pecha de "populista" tão liberalmente distribuída por aí é Pinguim.
Mas numa coisa eu realmente queria que o Brasil seguisse o exemplo dele: na Argentina, qualquer imigrante pode requisitar a naturalização e obtê-la, sem maiores obstáculos. A facilidade, prevista para os europeus a partir da constituição do país, tinha sido revogada quando a imigração começou a ganhar cara de barro cozido, nas palavras do capitão Haddock.
Kirchner não só reverteu essa restrição, como eliminou quase qualquer dificuldade, e lançou um programa de registro de imigrantes ilegais.
Enquanto isso, no Brasil é uma odisséia até para filhos de pais brasileiros, branquinhos e alemães, se naturalizarem. Para os caras de barro cozido, a dificuldade é grande o bastante pra servir de auxílio na manutenção do estado de semi-escravidão em que vivem centenas de milhares de imigrantes ilegais, principalmente bolivianos, principalmente em São Paulo.
Tanto no Brasil quanto na Argentina, a importância da imigração européia, em detrimento de outros povos, é hiperenfatizada, a ponto de ter gente que se surpreende quando descobre a verdadeira importância dela no povoamento. A diferença é que lá eles não tiveram um Getúlio que lhes impusesse o fechamento. E com isso o Brasil consegue o feito de possuir os dois tipos de escravidão, o tradicional e o imigrante. Coisa de primeiro mundo!