Pesquisar este blog

30.6.05

Ana + Ana y los Lobos



O governo socialista-operário espanhol, apesar da pressão feita pelo papa e pela Opus Dei (que, afinal, tem sede lá), acaba de legalizar o casamento homossexual, aumentando a área verde-escura pra três países inteiros. O Canadá provavelmente se tornará o quarto daqui a dois dias. No Brasil, o projeto de lei deixando eles se casarem é de autoria da Marta Teresa Smith de Vasconcellos Matarazzo Suplicy, quando ela ainda era elegível e deputada.

I'm afraid of Americans

Saiu a última Global Survey do Pew Research Center. Não é tão inclusiva quanto algumas das anteriores, mas tem alguns resultados interessantes. E outros francamente assustadores.

28.6.05

ITER



A União Européia venceu o cabo de guerra com o Japão, e o reator de pesquisa sobre fusão nuclear financiado em conjunto por todas as potências científicas vai ficar na França. O reator has taken 19 years and 344 days to reach this point since the start of Iter discussions.



Iter will be a tokomak fusion reactor that should be capable of producing a sustained 500MW of thermal power. It’s plasma volume of 837m3 will be five times that of the UK’s Joint European Torus (JET) – currently the largest tokomak in the world – which can sustain plasmas of a few megawatts for a few seconds.

Juntando esta notícia com a debaixo, acho que está na hora de pegar o Huxley na estante...

Sonho americano

Questionando lugares comuns sobre mobilidade social :

As the gap between rich and poor has widened since 1970, the odds that a child born in poverty will climb to wealth -- or a rich child will fall into the middle class -- remain stuck. Despite the spread of affirmative action, the expansion of community colleges and the other social change designed to give people of all classes a shot at success, Americans are no more or less likely to rise above, or fall below, their parents' economic class than they were 35 years ago.

Although Americans still think of their land as a place of exceptional opportunity -- in contrast to class-bound Europe -- the evidence suggests otherwise. And scholars have, over the past decade, come to see America as a less mobile society than they once believed.

As recently as the late 1980s, economists argued that not much advantage passed from parent to child, perhaps as little as 20 percent. By that measure, a rich man's grandchild would have barely any edge over a poor man's grandchild.

"Almost all the earnings advantages or disadvantages of ancestors are wiped out in three generations," wrote Gary Becker, the University of Chicago economist and Nobel laureate, in 1986. "Poverty would not seem to be a 'culture' that persists for several generations."

But over the last 10 years, better data and more number-crunching have led economists and sociologists to a new consensus: The escalators of mobility move much more slowly. A substantial body of research finds that at least 45 percent of parents' advantage in income is passed along to their children, and perhaps as much as 60 percent. With the higher estimate, it's not only how much money your parents have that matters -- even your great-great grandfather's wealth might give you a noticeable edge today.

Many Americans believe their country remains a land of unbounded opportunity. That perception explains why Americans, much more than Europeans, have tolerated the widening inequality in recent years. It is OK to have ever-greater differences between rich and poor, they seem to believe, as long as their children have a good chance of grasping the brass ring.

This continuing belief shapes American politics and economic policy. Technology, globalization and unfettered markets tend to erode wages at the bottom and lift wages at the top. But Americans have elected politicians who oppose using the muscle of government to restrain the forces of widening inequality. These politicians argue that lifting the minimum wage or requiring employers to offer health insurance would do unacceptably large damage to economic growth.

Despite the widespread belief that the U.S. remains a more mobile society than Europe, economists and sociologists say that in recent decades the typical child starting out in poverty in continental Europe (or in Canada) has had a better chance at prosperity. Miles Corak, an economist for Canada's national statistical agency who edited a recent Cambridge University Press book on mobility in Europe and North America, tweaked dozens of studies of the U.S., Canada and European countries to make them comparable. "The U.S. and Britain appear to stand out as the least mobile societies among the rich countries studied," he finds. France and Germany are somewhat more mobile than the U.S.; Canada and the Nordic countries are much more so.

Even the University of Chicago's Prof. Becker is changing his mind, reluctantly. "I do believe that it's still true if you come from a modest background it's easier to move ahead in the U.S. than elsewhere," he says, "but the more data we get that doesn't show that, the more we have to accept the conclusions."

27.6.05

Matemática O Globo

A agência do publicitário Marcos Valério deve ter alguma merda - ninguém saca tanto dinheiro vivo assim pra guardar no colchão. Mas o Globo anuncia como evidência (pisca) de malversação ela "ter mais verbas do que as outras duas agências ganhadoras de uma licitação." A distribuição suspeita? 41-38-21

22.6.05

Negócio da China

Há três possibilidades quanto à acusação da ex-mulher do líder PLista, de que o PT teria recebido doação de campanha do governo da China Nacionalista.

1 - Ela teria ouvido "ilhas Cayman," e se embananado quanto à natureza da tramóia.

2 - Alguém da Veja teria lhe sugerido algo na veia da acusação Fox News de que Clinton recebeu "ouro de Pequim," e ela se confundido quanto às Chinas.

3 - Taipei realmente financiou o Lula. Pra quê? Eles financiam governos (não partidos) de países pequenos, pra que estes digam que eles são a China e não Pequim, mas o Brasil está bem longe de ser um país pequeno - o maior alvo dessa política é o Paraguai. Então, que plano nefasto Taiwan bolou contra o Brasil?


******

As denúncias que brotam hoje no Brasil, ainda mais por sua, um, metamoforse ambulante, lembram um pouco endemoinhados em culto evangélico. Acho que vou ligar pra redação de algum jornal, com a minha denúncia (o fato de eu ser anônimo é irrelevante. Bob Jeff é notório).

******

A secretária do Marcos Valério anuncia em rede nacional que foi ameaçada de morte se não ficar calada? Mais uma vez, 1 - muito corajosa, 2- muito burra, 3 - 15 minutos de fama. De qualquer jeito, não muito inteligente, já que acusa o ex-ministro Pimenta da Veiga de ter recebido suborno em 2003, quando tanto ele quanto o chefe já não trabalhavam mais no Eixo Monumental.

*******
Bob Jeff diz que a maracutaia começou na ALERJ. Ginzu vs. Vilvarina : Bob Jeff sempre mente, mas qualquer coisa que se diga contra a ALERJ é sempre verdade.

Garçom, a conta

O judiciário brasileiro é pródigo em sentenças absurdas. Já teve juiz do Mato Grosso determinando que a política externa brasileira mudasse, já teve juiz lavrando sentença em que desancava a lei que se aplicaria no caso... mas agora chegamos lá. A sentença que considera a responsabilidade do estado específica, e não difusa, é exatamente o contrário da decisão da suprema corte americana que é citada por libertarians doidos como absurdo, o que faz todo o sentido : a partir dela, o estado ocupará toda a existência humana, ou não tem o direito de existir. E nem é só no país da Constituição Demag-digo, Cidadã. O Fed americano tem a obrigação legal de minimizar o desemprego; se os desembargadores fluminenses se sentassem na SCOTUS, todo desempregado poderia exigir idenização de Greenspan agora mesmo.

Não é essa a intenção dos juízes-demagogos fluminenses, obviamente. Só estão dando voz ao eterno protesto da classe média contra as classes perigosas, assim como seus colegas Brasil afora exercitam o populismo garantindo todo e qualquer tratamento médico, não importa o custo. Mas será que nenhum deles parou pra pensar no caso?

21.6.05

A pujança do agronegócio

Tá, o texto é co-assinado pelo Stédile. Mas os dados são públicos, e é por conta de instâncias como essa, e muitas outras, que eu sugiro uma trégua aos que reclamam do Estado de Bem-Estar Social : se o problema é a interferência do Estado e não o fato do gasto se dirigir aos pobres, ataquem primeiro o Estado de Bem-Estar Corporativo, que eu dou o maior apoio.


As dívidas renegociadas em 1995, 1999 e 2002 (uma herança do presidente FHC), roladas em 25 anos, com juros de 3% ao ano, garantidas pelo Tesouro Nacional, só em contratos acima de R$ 100.000 somam um valor global de R$ 26 bilhões. O Tesouro Nacional equaliza os juros dessas dívidas num valor anual superior a R$ 3,38 bilhões. Ou seja, o Tesouro paga parte dos juros que eles não querem pagar. E nunca se ouviu o senhor Palocci reclamar disso. Da dívida total, porém, R$ 8.113.656.680 estão vencidos e não pagos. E o número de contratos de latifundiários neste calote permanente é de apenas 29.840. Como há casos de mais de um contrato por devedor, o cálculo generoso é que os participantes dessa mamata não ultrapassem a 20 mil grandes proprietários. Portanto, o Tesouro cobre R$ 3,38 bilhões ao ano, o que dá ao redor de R$ 300 milhões ao mês, para garantir a vida de 20 mil fazendeiros, representando uma transferência do governo a cada um deles de 15 mil reais mensais.

19.6.05

Entrevistas de fim de semana

Peter Fry, no Globo, e Antoninho Trevisan, no Jornal do Commercio.

Sim, eu gostei em parte porque eles concordam comigo. Já do Veríssimo, que me roubou telepaticamente a piadinha de que "aproximar Joyce dos leitores é traição," não gostei tanto - sabe a café requentado.

Nomínimo, o Villas se admira das estradas impecáveis que Portugal construiu com dinheiro alemão. (Alerta : o autor deste pretende fazer a seguir uma simplificação grosseira) Enquanto Portugal dava dinheiro a empreiteiras de dentro e de fora (incluindo a Odebrecht, que construiu a enorme ponte sobre o Tejo), a Irlanda preferiu seguir com estradas esburacadas e gastar em escola. Hoje, não tem uma ponte a ligando à Inglaterra, mas tem das maiores rendas per capita da Europa. Portugal tá mais perto da renda brasileira em PPP do que da Alemã.

Itamar Franco

17.6.05

Enquanto isso, na Sala de Justiça II

Ante-scriptum, falando da Matéria Importante : o corregedor da câmara é o afilhado do Severino, e o relator da comissão de sindicância interna o Robson Tuma? Qualé, tem que ser suspeito de assassinato pra conseguir esses cargos? Quem são os do Senado, ACM e Mão Santa?


Outra matéria de menor importância.

Estão sendo resgatados, neste exato momento, mais de 1.200 pessoas da Destilaria Gameleira, no município de Confresa (MT). Esta é a maior operação de libertação de escravos já ocorrida no país. Nas últimas semanas, a usina, produtora de álcool, esteve no centro de uma polêmica que envolveu até o presidente da Câmara dos Deputados, Severino Cavalcanti (leia abaixo). Grandes distribuidoras de combustível cortaram os contratos com a Gameleira após ficarem sabendo que comercializavam com uma empresa que estava na “lista suja” do trabalho escravo do governo federal. A relação, atualizada semestralmente, mostra pessoas físicas e jurídicas que, comprovadamente, cometeram esse crime e que tiveram seus processos transitados em julgado dentro do Ministério do Trabalho e Emprego.


...


Uma ligação telefônica realizada pelo presidente da Câmara dos Deputados, Severino Cavalcanti (PP-PE), na tarde do dia 01/06 trouxe apreensão a empresas afiliadas ao Sindicato Nacional das Distribuidoras de Combustíveis, um dos signatários do Pacto Nacional para a Erradicação do Trabalho Escravo. Durante a ligação, a terceira pessoa na linha sucessória do país questionou por que essas empresas cancelaram contratos de compra de álcool da Destilaria Gameleira. Esta empresa, de propriedade de Eduardo Queiroz Monteiro – irmão do presidente da Confederação Nacional da Indústria e deputado pernambucano Armando Queiroz Monteiro (PTB). Na época, Severino Cavalcanti se manifestou através de sua assessoria. Segundo ela, a ligação telefônica feita ao sindicato teve caráter de “consulta” e tinha como objetivo descobrir por que o álcool da Gameleira não estava mais sendo comprado.

O bom conspirando com o ruim

Do Valor Online, sobre pesquisa mineral :

O Brasil, ainda de acordo com o estudo do MEG, figura entre os principais pólos de pesquisa. O país respondeu por 5% dos investimentos mundiais, o equivalente a US$ 120 milhões. Conseguiu ultrapassar o Chile (que atraiu 4% do orçamento mundial, ou US$ 100 milhões), mas ainda está longe dos principais países mineradores na América Latina: México (US$ 153 milhões) e Peru (US$ 203 milhões). Os maiores orçamentos em pesquisa em 2004 ficaram com o Canadá, com US$ 690 milhões.

A falta de informações do potencial mineral no Brasil é o que tem levado investidores ao México e Peru, países que aliam um alto grau de levantamentos geológicos (que minimizam o risco dos investimentos) e solo rico em minerais como cobre e níquel, reconheceu o MME. A rígida legislação ambiental brasileira também inibe alguns investidores.

Entretanto, para suprir essas deficiências, o MME está promovendo a modernização do Serviço Geológico do Brasil (CPRM) e do Departamento Nacional de Pesquisa Mineral (DNPM), principalmente do sistema de concessão de outorga. Entre 2003 e 2006, o órgão deverá receber US$ 26 milhões. Serão intensificados também os levantamentos aerogeofísicos. O departamento deverá contar também com reforço de pessoal. Até 2005, devem ser contratados 1,2 mil funcionários para reforçar a equipe, atualmente com 750 pessoas no Brasil.

Os estudos aerogeofísicos foram iniciados em Goiás em meados do ano passado. O projeto, que custará US$ 12 milhões (divididos entre governos estadual e federal) tem como objetivo detalhar o potencial mineral em 170 mil quilômetros quadrados. Desde novembro último (quando a primeira fase do levantamento foi concluída, com pesquisa em 30% da área total), 20 empresas já compraram as informações. Rio Tinto, Bunge, Codelco, Vale do Rio Doce, Anglo American, Yamana, Votorantim e Falconbridge figuram como adquirentes desses levantamentos.

De acordo com Luiz Fernando Magalhães, superintendente de Geologia e Mineração de Goiás, a média de pedidos de alvarás de pesquisa no Estado saltou de 50 para 600 logo após a divulgação dos primeiros levantamentos. Níquel, cobre, ouro e fosfato são os principais alvos das novas prospecções. Goiás espera concluir o mapeamento até o fim do ano.

Neste ano, o trabalho deve se estender para outros estados: Amapá, Pernambuco, Rondônia, Pará, Tocantins, Ceará, Bahia e Minas Gerais. Vai cobrir área de cerca de 536 mil quilômetros quadrados. O orçamento previsto é de R$ 41 milhões, incluindo a parte de Goiás.

De posse dessas informações, os especialistas acreditam que o volume de investimentos estrangeiros deve aumentar nos próximos anos. As empresas nacionais deverão responder por 60% a 70% das pesquisas prevista para este ano. A maioria delas deverá ser conduzida pela Vale do Rio Doce. O orçamento da companhia em pesquisa e desenvolvimento saltou de R$ 66 milhões em 2000 para R$ 1,21 bilhão neste ano.

16.6.05

Quem diria

O problema de São Paulo é a falta de espaços para automóveis.

Sem querer ser xíita mas já sendo, alguns dos argumentos parecem um tanto furados. A circulação em automóveis revitalizaria a região, principalmente as áreas dos extremos (já, portanto, próximas dos automóveis)? Fora o espanto de que algumas áreas possam estar "a 100 metros do tráfego automotivo." Porra, cem metros é a menor corrida do atletismo. Um sujeito de muletas, a 1Km/h, percorre cem metros em cinco minutos.

Aqui está a proposta, com o Anhangabaú transformado em ilha no meio do tráfego :

15.6.05

Sem olhar a quem

A "MP do Bem" foi inicialmente concebida como um plano de desoneração do investimento, o que faz todo o sentido - mais vale cobrar da fábrica funcionando do que cobrar quando se constrói a fábrica. Cobria, por conta de restrições orçamentárias, apenas um grupo específico de investidores (o grupo errado, na minha opinião, mas deixa pra lá).

Com a crise política, foi ampliada, mas essa ampliação não foi no sentido original, do investimento. Ao invés disso, se inventaram novas isenções de imposto de renda para a classe média. Com o estado pagando pela criadagem dos 20% mais ricos, em cima da redução de IR já ocorrida, o governo Lula reverte pela via dos impostos a progressividade que tinha aumentado pelas transferências. Mostra saber muito bem que estratos têm poder e consciência dos próprios interesses, e mantém em mãos brasileiras o troféu Gini, categoria qualquer-economia-que-interesse.

Enquanto isso, na sala de justiça

O assunto único da opinião publicada brasileira são as declarações do Roberto Jefferson, mencionadas como se ele de repente tivesse ganho credibilidade, e "corroboradas" por gente de igual credibilidade, diante da indignação republicana de Rodrigo Maia, Aleluia, Mão Santa e ACM. Longe do circo do Congresso, só matéria de segunda categoria. Por exemplo :


PRESIDENTE PRUDENTE (SP). Presos rebelados da Penitenciária Zwinglio Ferreira, em Presidente Venceslau, no oeste do Estado de São Paulo, cortaram a cabeça ontem de cinco detentos. Na laje do teto, os amotinados expuseram as cabeças; uma delas estava espetada em uma vara, fincada na laje, e duas delas caíram no chão. No início da noite de ontem, 12 funcionários ainda eram mantidos como reféns. No telhado do presídio, amotinados encapuzados exibiam reféns e as cabeças.

13.6.05

Kolkhozes

Uma solução para a Amazônia?



Becker - Eu tenho uma proposta polêmica, mas que, na minha cabeça, depois de tudo o que eu já vi, faz todo o sentido. Proponho que sejam implementadas grandes fazendas de colonos, num esquema cooperativo. Elas precisam ser enormes, nas proporções amazônicas, para possibilitar produção em escala Em vez de colocar cada assentado num pedaço pequeno, em que ele só poderá utilizar 20% da área, conforme a legislação ambiental, será melhor partir para unidades maiores, exploradas cooperativamente. Numa grande propriedade, usar 20% da área permitirá uma grande produção, muitas vezes maior do que se fossem utilizados os pedacinhos de cada assentamento individual Além disso, esse modelo facilita a organização de infra-estrutura, ao criar um pequeno pólo populacional com luz, esgoto, escola e apoio técnico. Não se deve dar o título de propriedade da terra, pelo menos por um tempo, mas apenas garantir a concessão. A escolha das áreas deve ser precedida de um estudo de mercado, estabelecendo o que deverá ser produzido, dependendo da existência de condições de comercialização. Com pouco mais de uma dúzia dessas fazendas na região da mesma BR-163, as coisas estariam mais bem equacionadas, elas seriam capitalizadas em pouco tempo e assim se poderia enfrentar muito melhor o problema da invasão da pecuária e da soja sobre a floresta. Os assentados, trabalhando cooperativamente, poderiam ganhar algum dinheiro e o governo teria, assim, condição de dar apoio a uma dúzia de núcleos desse tipo, em vez de 200 assentamentos com milhares de pedaços de terra dispersos, que acabariam produzindo apenas para a subsistência. E, de quebra, a área protegida por lei não seria difusa em pequenos pedaços de cada assentado, continuaria sendo protegida, mas estaria interligada em apenas uma fazenda.

PPP II

Falando em PPP, na Economist saiu a edição deste ano da cesta de bens mais exígua do mundo de PPP. Explicando : o cálculo da paridade do poder de compra se dá a partir de uma cesta de bens, e das diferenças entre os preços dessa lista de bens em cada região a ter um índice de paridade do poder de compra. Assim, se uma cesta for composta de uma geladeira, dez quilos de arroz, e cinco quilos de carne, mais sessenta passagens de ônibus, e tudo isso for metade do preço, em dólares, no Brasil do que nos EUA, o câmbio (2.5R$/US$) é corrigido proporcionalmente (1.25R$/US$).

Um pouco de brincadeira, inventaram um índice de PPP com exatamente um item : um Big Mac. Depois de um tempo, acabaram descobrindo que a brincadeira funcionava melhor do que muita coisa séria, inclusive servindo para previr correções nos preços das diversas moedas.

12.6.05

PPP

Essa coisa do aumento no número de milionários em dólares no Brasil está pipocando em tudo que é canto, como se significasse alguma coisa. Parece até as manchetes sazonais sobre desemprego e inflação (desemprego sobe no começo do ano! Baixa no segundo semestre! A inflação do tomate! Inflação de Fevereiro é a maior do ano!). É, para fins retóricos, mais contundente se você comparar o dólar médio, digo, o número de milionários de 2002 com o de 2004, como faz o Elio Gaspari hoje.*

PPP significa Purchasing Power Parity, ou paridade do poder de compra. É a tentativa de se estabelecer um tamanho "real" da economia, que escape aos altos e baixos do câmbio. "Real" está entre aspas, não só porque não existe um tamanho real da economia, como porque a paridade de poder de compra não é útil para se estimar várias dimensões da economia. Em qualquer relação internacional (PIB/corrente de comércio, dívida externa, etc), a PPC é irrelevante, e se você quiser eliminar um pouco da volatilidade do câmbio, deve usar algum tipo de média móvel (câmbio médio dos últimos x meses). A maior utilidade da PPC é para uma conta de dividir : o PIB em PPC/número de habitantes = a renda per capita.

E aí? E aí que o PIB brasileiro é uma estimativa, num país em que metade dos trabalhadores são informais. E a população, calcula-se, está subestimada em algo entre 8 e 16 milhões, num país em que municípios inteiros não sabem o que é uma certidão de nascimento, e a atividade mais básica do Estado, que é reconhecer seus cidadãos, é privada.

Não que o Brasil seja algo de tão excepcional assim - na Itália, Il Sorpasso (da economia sobre a do Reino Unido) foi atingido recalculando-se o peso do setor informal. Recalculando-se quer dizer mudando o chute mesmo. Na China, demógrafos denunciam um ligeiro erro nas contas populacionais, coisa de uns 300 milhões a mais. Só um Estados Unidos inteiro vivendo nas favelas rurais chinesas sem registro.

*Na mesma coluna em que repete texto do Cesinha denunciando o fato de o Delúbio ter atacado a Heloísa Helena, a Lacerda de esquerda, num "hotel de luxo." (A casa de campo do Cesinha, quando eu visitei, batia qualquer hotel. Tudo bem, pertencia à mulher.)

10.6.05

Nada de novo sob o sol

Uma tática com-não, uma característica essencial do conservadorismo é que ele tenta apresentar suas posições como a extensão de posições que são seguidas pela humanidade desde que os Australopitecos usavam fraldas, portanto "naturais." Deixando de lado o fato de que "natural" não é lá muito desejável (eu, pelo menos, não tenho nenhuma grande vontade de pegar o maxilar de um burro e sair atrás de bichos pra matar), a tática é surpreendentemente eficaz - a ninguém lhes ocorre que a história existe, ou então a vontade de que o ser humano seja de essência una é muito forte mesmo na sociedade contemporânea. Pois bem, das grandes bandeiras reaças de hoje,

- O Estado interventor forte era ponto pacífico através do espectro político durante a "idade de ouro" do capitalismo global.
- O aborto, ao longo da história da Igreja, teve várias regras diferentes, da mais liberal, de São Tomás de Aquino, que o permitia até o 6º mês, até a mais restrita, do papa Benedito XIV, que o considerava assassinato (apesar da retórica, esta NÃO é a posição dos conservadores atuais).
- A menor participação popular no processo democrático de eras passadas era, no auge da primeira fase do liberalismo burguês, combinada com uma limitação muito maior do poder de polícia dos Estados. Em muitos países, era expressamente permitida a livre circulação de estrangeiros sem a necessidade de passaporte.
- A noção de raça, longe de ser uma "reação natural a quem é diferente," foi construída ao longo dos últimos cinco séculos. Essa é usada de maneira particularmente imbecil no Brasil, onde a referência são os EUA, e as pessoas não se dão conta de que, à sua volta, as coisas acontecem de modo diferente do que diz a referência.
- E até o Casamento Gay não é novidade :


In 1913, Turkish workmen restoring the Mosque of the Arabs in Istanbul uncovered the floor of a Dominican church. Among the gravestones was a particularly striking one in grey-white marble with pink and blue veins. Two helmets with slits for eyes faced each other, like a pair of beaky dolphins about, clangingly, to kiss: ‘Tomb Slab of an English Couple’, the label in Istanbul’s Archaeological Museum says.

The couple were illustrious knights of the royal chamber of Richard II, Sir William Neville and Sir John Clanvowe, ‘the Castor and Pollux of the Lollard movement’, as the medieval historian Bruce McFarlane called them. Neville died just four days after Clanvowe, the inscription records, in October 1391. The Westminster Chronicle fills in the details. Following the death of Clanvowe, ‘for whom his love was no less than for himself’, Neville starved himself to death. Beneath the helmets their shields lean on each other, indicating the position of the bodies beneath. Their coats-of-arms are identical, half-Neville, half-Clanvowe, a blend called ‘impalement’, used to show the arms of a married couple, with Neville’s saltire on the husband’s half, Clanvowe’s bearing on that of the wife. Well, not quite. There are two impaled shields rather than the usual one, indicating a mutual exchange of arms, a double dubbing, so to speak.

In 1626 John Gostlin, Master of Gonville and Caius College in Cambridge, dictated his will. He was to be buried alongside a former master of the college, Thomas Legge, who had died twenty years earlier. Gostlin had commissioned a memorial to his friend which you can see on the south wall of the college chapel. Legge kneels in prayer. Beneath him hands clutch at a blazing heart. ‘Love joined them while they lived. May the earth join them in their burial. Gostlin’s heart belongs still, Legge, to you.’ The college annalist noted that Gostlin had lived with Legge coniunctissime, ‘in most conjoined fashion’.

With its unprovocative title, its brass-rubbings and its frequent dippings into the nitty-gritty of Christian rites, Alan Bray’s last book, The Friend, might not seem terribly exciting at first glance. And yet it is written in part as a defence of John Boswell’s Marriage of Likeness: Same-Sex Unions in Premodern Europe, which came out a decade ago, and in part as sequel to his own Homosexuality in Renaissance England, which came out a decade before that. Both were considered exciting events at the time.

Boswell’s book, which I reviewed in the LRB (18 February 1996), centred on the liturgy of ‘brother-making’ or adelphopoiesis (‘bilateral – same-sex – sibling-making’) described in handbooks of Eastern Orthodox rites, which Boswell compared to heterosexual marriage ceremonies. It was headline-grabbing and old-fashioned looking, making much of primary documents ‘discovered’ in the archives, in proper Rankean manner. Reviewers, myself included, generally gave it a fairly hard time, and its central claim – that these same-sex unions sanctioned by the Church were analogous to heterosexual marriage rituals – had few takers among churchmen, historians or students of sexuality. Bray’s much shorter book had focused on the claim that ‘the sodomite’ was such a grotesque figure in Renaissance discourse that many men were quite surprised to discover it was a term that might apply to them for the kind of bum-fun they got up to with their bedmates on chilly winter nights. Full of subtlety and much admired, it has attained the status of a modern classic.

There is irony, therefore, in the late, cool Alan Bray riding, not without risk to his own reputation, to defend the late, uncool John Boswell. Or perhaps we had better view it as a gift, an expenditure of the symbolic capital Bray had accrued to breathe new life into a project considered dead in the water, a lavishing of his subtlety on a topic which had seemed in desperate need of some.

Which is a way of saying that I have changed my mind about Boswell’s thesis, and that it is Bray’s subtlety that converted me. Boswell, it’s beginning to seem, was on the right track; his overly gay interpretation of same-sex unions is less misleading than the loveless ‘anti-gay’ alternatives offered by his critics. For a very long period, formal amatory unions, conjugal, elective and indissoluble, between two members of the same sex were made in Europe, publicly recognised and consecrated in churches through Christian ritual.

8.6.05

Compre Sueca-Cola

Announced today, the Anholt-GMI Nation Brands Indexis the first analytical ranking of the world’s nation brands. Each quarter, the Index led by nation brands expert, Simon Anholt, polls consumers from the GMI worldwide five million-strong market research panel on their perceptions of the cultural, political, commercial and human assets, investment potential and tourist appeal of several countries. This adds up to a clear measurement of national brand power, and a unique barometer of global opinion.

Among the key findings of the first Anholt-GMI Nation Brands Index are:

Ø Sweden is the overall winner. The USA came fourth together with Germany. A relatively low ranking for the USA could be explained by deep unpopularity of US foreign policy which is dragging down positive perceptions about trade, exports, investment and popular culture.

Ø The UK came second. Although not as highly rated as a producer of products, it scores well as a tourist destination and on popular culture. The highest rated asset of Brand Britain, however, is the British people. Governance is well rated too, with the UK government described as “trustworthy” in stark contrast to the US government which is described as “dangerous” and “dishonest”.

Ø The struggling nation brands are Russia and Turkey behind China and India. Turkey’s position at the bottom of the index appears to be down to few people having a direct experience and thus any strong opinion on the country, whereas Russia has a great deal to disprove or remedy before it can overturn negative opinions and acquire positive brand attributes

Nation brand is an important concept in today’s world. Globalisation means that countries compete with each other for the attention, respect and trust of investors, tourists, consumers, donors, immigrants, the governments of other nations and the media: so a powerful and positive nation brand provides a crucial competitive advantage. It is essential for countries, both rich and poor, to understand how they are seen by publics around the world; how their achievements and failures, their assets and their liabilities, their people and their products are reflected in their brand image.


O questionário só perguntava sobre 10 países. Eles são, pela ordem de preferência do consumidor,

1. Sweden

2. UK

3. Italy

4. Germany

4. USA

5. Japan

6. China

7. India

8. South Korea

9. Russia

10 Turkey

Golfinha também é mãe

As esponjas que o digam.


golfinhos desenvolvem e usam ferramentas.

A revelação, feita por um grupo encabeçado por Michael Krützer, da Universidade de Nova Gales de Sul, em Sydney, Austrália, demonstra que os golfinhos têm a capacidade de desenvolver uma cultura material – ou seja, técnicas de uso de instrumentos que são transmitidas por aprendizado, em vez de serem meras atividades incluídas na "programação genética" da espécie.

Até agora, a transmissão cultural só havia sido demonstrada com segurança em humanos e seus parentes mais próximos, como os chimpanzés.


Enquanto a inteligência não-antropóide está em alta, ela está em baixa entre as cabeças coroadas da Europa se recusam a enterrar um defunto que já fede.

Londres a proposé, mardi 7 juin, de sauver certains éléments du projet de Constitution européenne en péril, à quelques jours d'un sommet européen qui s'annonce houleux.

...

Ces propositions de sauvetage du texte européen surviennent au lendemain de l'annonce, par les mêmes dirigeants britanniques, du report sine die du référendum sur le traité prévu pour 2006 en Grande-Bretagne.

COUP FATAL

L'initiative a, selon la presse européenne, porté un nouveau et rude coup - certains disent fatal - à un texte déjà rejeté par les électeurs français et néerlandais.

Avec ces propositions, les dirigeants britanniques annoncent les orientations qu'ils devraient défendre lors du sommet européen des 16 et 17 juin à Bruxelles, puis lorsqu'ils prendront pour six mois, au 1er juillet, la présidence tournante de l'UE.

Se démarquant de son voisin britannique, l'Irlande a, quant à elle, annoncé qu'elle irait de l'avant avec son projet de référendum sur le traité.



Os mídia franceses estão decepcionados - a possibilidade de repartir a culpa pelo "fracasso da Europa" entre a pérfida Albion e os paysans ignaros que nãos lhes deram ouvidos sofreu um golpe.

7.6.05

Até a medula

NA reunião da OEA em que propunha uma avaliação externa das democracias latinoamericanas,

Os únicos compromissos bilaterais de Rice foram com o secretário-geral da OEA, José Miguel Insulza, e com duas representantes da sociedade civil- entre elas Maria Corina Machado, da ONG Súmate, que apoiou a tentativa de golpe contra o governo de Hugo Chávez, na Venezuela.

Guerra de Letrinhas

BNDES x IBGE

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e o IBGE não estão de acordo em relação aos números do Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre deste ano divulgados na semana passada pelo órgão estatístico oficial.

O diretor de Planejamento do banco, Antonio Barros de Castro, disse ao Valor ter considerado "estranhíssimo" que setores econômicos aparentemente sem motivos para terem perdido produção, como comunicação e administração pública, tenham influenciado negativamente no desempenho global da economia, contribuindo para que o consumo das famílias tenha sofrido queda de 0,6% em relação ao trimestre anterior.


...

O IBGE discorda dessa avaliação. "A parte de comunicação a gente já falou, mas sabemos que é difícil as pessoas entenderem", disse Rebeca Palis, gerente do PIB trimestral do instituto. Segundo ela, não só a telefonia móvel (35% da telefonia, que por sua vez é cerca de 90% das comunicações) não está crescendo no ritmo do começo da década, como a telefonia fixa (65% da telefonia total) está em queda.

No ano passado, a telefonia móvel cresceu 8,7%. Na fixa, o interurbano nacional caiu 8,8%, o internacional cresceu 12% e os pulsos locais (mais assinaturas) caíram 6,4%. No primeiro trimestre deste ano, a móvel cresceu 11%, o interurbano nacional caiu 18%, o internacional, 4% e os pulsos, 1%, segundo o IBGE.

Na administração pública, Rebeca disse que a medida da burocracia geral tende a ser realmente próxima ao crescimento populacional (hoje, perto de 1,2% ao ano), mas as matrículas, internações e atendimentos ambulatoriais têm mostrado tendência de queda. Em 2004, as matrículas caíram 3%. Para o primeiro trimestre, elas foram projetadas com queda menor, mas mantendo a tendência. "As famílias consomem serviços. Se os serviços caem, isso se reflete no consumo das famílias", resumiu.

6.6.05

Base

Quem dera que, na base de sustentação da prefeitura na câmara de vereadores, haver um corrupto fosse o maior escândalo. Afinal, por aqui um vereador assassino confesso (e orgulhoso) não é sequer notícia de jornal, quanto mais primeira página, muito menos CPI.

5.6.05

Orgulho

Mais de uma fonte, do governo e do empresariado, à direita ou à esquerda, já disse, como Benjamin Steinbruch, que devemos nos orgulhar de nossas companhias multinacionais.

A Gerdau, por exemplo, me enche de orgulho. Além de patrocinar (com incentivo fiscal) o "Instituto da Liberdade" randiano, ela tem uma atuação internacional digna da Union Carbide, ou da 3M nos bons tempos da Pinkerton.


Gerdau's lack of interest in building a healthy, constructive
relationship with its employees and their unions, has been evident for many
years. Recent actions by Gerdau in Beaumont, Texas and in Colombia confirm
that Gerdau continues to try to implement an anti-union agenda.
Gerdau's lock-out of employees at Beaumont, Texas is a cynical management
attempt to force members of USW Local 8586 into a concessionary, sub-standard
collective agreement. Management's "best and final offer" strips overtime
protection from employees; reduces vacations and cuts vacation pay; gives
management new rights to unilaterally combine, change or eliminate jobs;
imposes a new job classification system; allows supervisors to do bargaining
unit work with no penalty; reduces group insurance benefits; and introduces a
kind of two-tier wage system.


...


In Colombia, Gerdau has recently reached agreement to acquire steelmaking
and service facilities in Tuta, Cali, Boyaca, Muna, and Bogota. Any attempt by
Gerdau to implement its anti-union philosophy in the Colombian facilities is
misguided and unacceptable. In a country wracked by violence, and in
particular anti-union violence, Gerdau's failure to take immediate and
decisive action to protect trade union leaders is simply inexcusable. Various
trade union leaders have had death threats for their union activity. At least
one trade union leader has been forced into exile
.

3.6.05

Gini em um quilômetro e meio





Planejamento é isso aí

Há algum tempo, o Rio vem ganhando linhas de "integração" ônibus-metrô, que não seguem ao propósito básico de uma linha de integração, racionalizar o transporte. O ônibus Cosme Velho-Largo do Machado, por exemplo, sendo de integração com o metrô e outros ônibus, poderia muito bem ser a única linha servindo os bairros de Laranjeiras e Cosme Velho, oferecendo o dobro do número de vagas com metade do número de ônibus que passa no bairro hoje.

Ao mesmo tempo, linhas de ônibus parcial ou inteiramente (como a 119) paralelas ao metrô e ao trem continuam funcionando, algumas com trajeto misto pendular e local. Quem já olhou pela janela de algum prédio nas vias-tronco do Rio, em Copacabana, Botafogo ou no Centro, sabe o que os ônibus representam no trânsito (e portanto na poluição) da cidade.

A Opportrans, a prefeitura e as empresas de ônibus acabaram de bater o recorde dessa irracionalidade. Foi anunciada uma linha de ônibus "integração metrô" que liga a estação do Largo do Machado à Rodoviária. Há dois trajetos possíveis : pelo Centro, paralelo e a menos de 100m da própria linha 1 do metrô por 9/10 do caminho; e subindo as ruas apertadas e cheias de curvas de Santa Teresa, dividindo metade do caminho com duas outras "linhas de integração." Uma linha de "integração" Praça XI-Rodoviária, ou Estácio-Rodoviária (a última tem a vantagem de atender às duas linhas do metrô) gastaria um décimo do diesel. Menos, porque não iria subir ladeira.

2.6.05

Abreugrafia


E aqui um checape do paciente.

Continuando as metáforas médicas, aqui tem um diagnóstico do neoplasma maligno.

Lugares estranhos do mundo III



Asmara, capital da Eritréia, foi construída pelos italianos entre o final do século XIX e 1941. O livro cuja capa está aí em cima fala principalmente do período 1935-1941, em que todos os arquitetos italianos - modernistas, fascistas, futuristas, piradoístas - foram lá brincar. Nas palavras da crítica registrada pelaONU,

Asmara was essentially built between 1935 and 1941 when Eritrea’s Italian colonizers used the city as a blank canvas to
‘design and build their own urban utopia in East Africa’. Although the Italians occupied the region they called Eritrea (after an
ancient Greek word meaning red) in 1889, a massive influx of Italians in the colony’s capital after 1935 necessitated
development on an unprecedented scale. In just six years, the population grew from 4000 to 45,000. Asmara was
transformed into the most modern city in Africa.
As the city was so far from home, the Italian architects had carte blanche to try their hand at anything. They were inspired
designers and engineers. ‘The city reflects the tempo of the time’, says Professor Naigzy. ‘It is an experimentation with
modernism, unparalleled anywhere else in the world.’ He notes that the different architectural styles have a typically Italian
feel to them. ‘I think the Italians were more adventurous; they had more panache’, he says.
The result is an eclectic mix, ranging from futuristic buildings emulating the new fascination with machines during the early
1900s, which then gave way to the simplistic rationalist or Novecento style, followed by the monumentalism of the fascist era,
with its imposing and austere façades. As fascism waned, this too was reflected in the architecture, with a return to rustic,
classical villas. Intermingled with these various styles are ornate buildings, such as the Asmara theatre, Government House
and the Roman Catholic cathedral, which are unashamedly drawn from neo-classical, Romanesque and Renaissance
influences. Occasionally art deco touches stand out, although Naigzy stresses that Asmara has been wrongly described as
an art deco city. ‘It is essentially rationalist’, he says. ‘Out of 400 buildings surveyed, three-quarters of them were rationalist.
Most of the others are eclectic, borrowing from Greek and Roman classicism.’
The simple, straight designs of rationalism can be seen in numerous buildings around the capital, ranging from small
apartment blocks to multi-storey commercial developments.
But contrasting sharply with this simplicity are the outrageous futuristic constructions – the old Fiat Tagliero garage built to
resemble a plane with expansive wings, or the Bar Zilli, whose boat design juts out into Martyrs Avenue, named after the
tens of thousands who perished in the independence war.
With the dawn of fascism, the Italian dictator Mussolini used Asmara as an architectural blueprint and a launchpad for further
invasion of the continent. The monstrous façade of the former fascist party headquarters on Asmara’s main thoroughfare,
Liberation Avenue, appears to have been ‘stuck’ on to what was originally a very modest building.
When the British took over the administration of Eritrea in 1941, they were surprised to find Asmara as a ‘European city of
broad boulevards, super-cinemas, super-fascist buildings, cafés, shops, two-way streets and a first class hotel’.


A "pujança" da capital modernista, que o governo da Eritréia tenta vender para turismo, é ainda mais impressionante porque ela é o núcleo de uma impressionante coleção de aldeias de migrantes, apertadas umas contra as outras. Durante os tempos coloniais, os eritreus eram proibidos de entrar na Asmara dos brancos, a não ser a serviço, e o contraste é muito maior do que em Brasília - ainda mais que a "Cidade de lama" começa logo ao lado da "Cidade Bela," e que na Eritréia, devastada por uma guerra civil de décadas, a pobreza é maior e mais difundida.

Também é interessante que, nesses tempos de globalização e competitividade, a "herança" até do fascismo possa ser usada para tentar se destacar.

1.6.05

Timeo Danaos et Dona ferentes

O Globo anuncia "dois presentes para a cidade."

Tudo bem, o Globo periodicamente exalta os shopping centers (a Rio Show que tentava demonstrar a superioridade do Downtown sobre o Centro da cidade era divertida), mas "um presente para a cidade" já é propaganda descarada demais. Deixando de lado a minha opinião pessoal sobre shopping centers - Timeo Danae Dona

O Globo também anuncia que o valor das obras do Pan vai duplicar. Agora estou com preguiça, mas depois eu cato o post lá em junho de 2004 com o link para a candidatura carioca às olimpíadas. Acho que o Globo ainda vai anunciar "novidades" detalhadas lá até 2007.

Destruindo o Sonho

Só pra deixar bem claro o quão poliana e absurda a minha idéia do último post era, de que o uso da culpa ambiental e trabalhista dos outros em disputas comerciais poderia levar a uma melhora nas atitudes dos países nessas áreas, Bushinho me aparece na TV.

O discurso do Jorginho Talibã, desse vez, parece uma caricatura nada sutil dele mesmo. Eu tive que ler umas dez vezes pra ter certeza de que não era do Onionou do whitehouse.org. Pra não ficar atr[as do filho, George H Bush declarou que quer ver Jeb seguir os passos do irmão mais velho

Comentário misantrópico do dia - Jorginho não é o único a achar que um empresário e um |marginal| são diferentes na essência, e assim devem ser tratados, mesmo que tenham cometido crimes idênticos (no caso, não se sabe exatamente que crimes Hodorkovsky e os joões ninguém em Guantánamo cometeram, mas Bush e o ex-KGB em quem ele confia, olhonoolho, precisam das prisões).