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29.12.04

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Existe um aforisma, esqueço de quem, de que o fim da era do petróleo não acontecerá devido ao fim do treco, assim como o motivo da idade da pedra acabar não foi uma escassez de pedra no mundo. O "big crush," em que o óleo do mundo começaria a acabar, vem sendo previsto para datas quase específicas desde os anos 50, e remanejado com uma regularidade de dar inveja a adventista do sétimo dia, mas as reservas de petróleo do mundo estão bem maiores do que nos anos 50, e continuam, num ano médio, crescendo, não diminuindo.

O que preocupa é que elas não estão se diversificando enquanto crescem. Pelo contrário, enquanto o total cresceu 1% no ano passado, a fatia do Oriente Médio no bolo cresceu 0,6%. Ou seja, a importância daquele pedaço de areia cresce todo ano, apesar de haver quem desconfie dos números mandados pelos nossos tiranos favoritos, principalmente no Kuwait e Iraque.

Segundo o povim simpático na Saudi Aramco, a coisa pode acontecer em muito maior escala ano que vem - eles anunciaram que as reservas deles podem ser de 460 bilhões de barris. A diferença entre isso e os 260 prévios é "só" três vezes as reservas da Venezuela, dez vezes as dos EUA, vinte e cinco vezes as do Brasil.

Se alguém ainda acredtava que os EUA tinham alguma intenção de sair daquela área, depois dessa é que pode ir botando as barbas de molho. Eleições, cruzadas e terroristas à parte, as forças armadas dos EUA se posicionaram, nos últimos anos, em cima do Golfo, e da única área que tem a possibilidade, ainda que remota, de um dia vir a rivalizar com o golfo, a Ásia Central.

Além dos fabricantes de armas americanos, a notícia dos 200bn de barris a mais da Saudi Aramco é ótima para a família real saudita (tecnicamente, a Arábia Saudita não é um estado no sentido moderno; são as possessões da Casa de Saud). Junto com os atuais preços altos, quer dizer que a estratégia deles de dar pão e circo, pra ver se aquele bando de moleque desempregado não se rebela, pode dar certo por um pouco mais de tempo.

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